domingo, 16 de junho de 2013

Na aula de Matemática (poema)

Quando olhas para mim
Os números racionais ficam irracionais
Os reais, imaginários
E os complexos ficam perplexos.
Quando olhas para mim
O triângulo fica imóvel
O círculo quadrado
E o quadrado fica reverso.
Quando olhas para mim
Os conjuntos ficam sem elementos
Os subconjuntos, maiores que os conjuntos
E o vazio desaparece.
Quando olhas para mim
Os múltiplos ficam primos
Os primos irmãos
E todos os números ficam divisíveis.
Quando olhas para mim
Os deltas ficam negativos
As equações sem raízes
E as funções ficam sem domínio.
Quando olhas para mim
As derivadas ficam sem limites
Os gráficos, sem inflexão
E as tangentes nem se tocam.
Quando olhas para mim
Os poliedros ficam sem faces
O côncavo vira convexo
E o teorema de Euler fica sem nexo.
Quando olhas para mim
O sistema fica impossível
A matriz, redonda
E o determinante se anula.
Quando olhas para mim
O sinal fica sem som
A aula sem professor
E o aluno bate com o dedo no meu ombro:
- Mestre, a aula acabou.
Chico Nery

Um comentário:

  1. Ótimo exemplo de interdisciplinaridade entre Matemática e Português (Literatura), usando a linguagem lírica de um poema para, através do recurso da contradição (já que o poema coloca o contrário do que são os conceitos matemáticos), para fazer o aluno revisar e aprender vários dos teoremas e postulados matemáticos, além de ser um recurso divertido e bem-humorado.

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